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Atchim!

 

Há pessoas que nunca se resfriam. Invejo-as. Qualquer excesso de gelado, ventinho nas costas, mudança brusca de temperatura, ar condicionado me causam logo um resfriado, com direito a todas as suas terríveis fases: rouquidão, coriza, febrícula, dores...

 

Nessa São Paulo, outrora da garoa, havia uma boa barreira – o chapéu – contra essa doença que não mata, mas chateia como poucas. Apesar de útil e charmoso, indispensável nos filmes do gênero noir*, caiu de moda em benefício das farmácias.

 

Muitos, no entanto, procuram extrair proveito da inatividade imposta pelo resfriado. Meu irmão Mário, ao primeiro sintoma, pegava o “Dom Quixote” da estante e enfiava-se na cama para reler mais uma vez a grande obra de Cervantes. Gripinha cultural! Outros preenchem o tempo pondo as gavetas em ordem, coisa que nenhuma pessoa sadia, em seu estado normal, gosta de fazer. Há quem prefira rever fotografias. É o momento de visualizar o já vivido, catalogar impressões, rasgar, colar, ordenar. O resfriado ensina que a vida não passa de uma sequência de imagens.

 

(VEJA SP, 12.03.1997. Adaptado)

 

* filmes do gênero noir: realizados na década de 40, com histórias de suspense, investigativas;

mulheres provocantes e visão pessimista da sociedade.

 

A pontuação está empregada corretamente na alternativa:



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