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Os tempos mudaram
Os pais de Fabrício e também os de sua esposa tinham uma dezena de irmãos. Eram outros períodos históricos, outros estilos de criação: filhos eram gerados como mão de obra, para continuar um negócio. Nasciam já empregados, para colaborar na lavoura ou no comércio. Crianças pegavam na enxada ou atendiam atrás de um balcão.
Muitas crianças morriam. Só o nascimento não oficializava filho, era preciso ainda sobreviver. Morria-se de pneumonia, de descuido, de poliomielite. Os antepassados, por prevenção, deixavam para registrar o filho meses depois no cartório. O registro raramente coincidia com a data de nascimento, e a criança acumulava dois aniversários.
Não se comemorava uma gestação nem revelações públicas. Mães trabalhavam discretamente até o parto, que ocorria dentro de casa. Davam à luz de cinco a quinze bebês, uma gravidez atrás da outra. Eram ninhos repletos de filhotes o tempo todo.
Tudo isso revela uma desproporção para a atualidade, com média nacional de 1,9 filho por família. De fato, os tempos mudaram!
(Fabrício Carpinejar. Depois é nunca. 5ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2022. Adaptado)