Levantamento recente do Ministério da Saúde mostra que um em cada cinco brasileiros é obeso (IMC maior que 30) e que mais da metade da população das capitais do País está com sobrepeso (IMC na faixa entre 25 e 29,9).
O problema, talvez, comece pela dificuldade em entender que a obesidade é uma doença crônica. Pesquisa recente realizada nos Estados Unidos da América (EUA) mostrou que cerca de 65% da população reconhece a obesidade como doença, mas apenas 54% dos entrevistados acreditam que o peso possa realmente interferir na saúde.
Em 2013, a American Medical Association, uma das organizações médicas mais influentes do mundo, decidiu classificar a obesidade como doença. Ao longo dos anos, outras entidades médicas internacionais — incluindo-se a Organização Mundial da Saúde (OMS) — reconheceram a condição como um problema de saúde crônico, que necessita de tratamento específico a longo prazo.
Em termos médicos, a obesidade é definida como um depósito de excesso de gordura que prejudica a saúde. O IMC é um dos parâmetros usados para diagnosticar se o indivíduo tem ou não excesso de peso, mas não é o único.
“A obesidade é uma doença multifatorial, em que fatores genéticos, metabólicos, sociais, psicológicos e ambientais estão envolvidos. Mas o indivíduo pensa, na maioria das vezes, que a culpa é somente dele, associa o excesso de peso à falta de força de vontade para emagrecer. Acha que remédio pode não ser a solução, que a cirurgia, em si, não tem serventia para ele. Então, dificilmente essa pessoa vai buscar ajuda médica”, analisa Walmir Coutinho, professor de endocrinologia da PUC-Rio e ex-presidente da Federação Mundial da Obesidade.
O excesso de peso pode não provocar sinais e sintomas antes de chegar aos graus 2 e 3, assim como ocorre com doenças como hipertensão e diabetes, cujos sintomas nem sempre aparecem nas fases iniciais. No entanto, mesmo nos estágios iniciais, a obesidade pode ter impactos na saúde, como sobrecarga da coluna e dos membros inferiores, o que facilita o surgimento de artrose no longo prazo.
Quando o indivíduo ingere mais calorias que a capacidade que o organismo tem de gastá-las, este reconhece que é hora de armazenar energia, principalmente na forma de gordura e de glicose. O excesso de ambas favorece o surgimento de diabetes, o aumento de triglicérides e a diminuição do nível do colesterol protetor (HDL).
É preciso entender também que ganhar peso é algo natural. Sempre que se perde uma quantidade grande de peso, o corpo vai tentar voltar ao que era antes, porque há vários hormônios que participam do ciclo do apetite e da saciedade. Por isso é importante ficar atento àqueles programas que prometem emagrecimento rápido. Eles não fazem bem para o organismo.
Entender os mecanismos envolvidos na obesidade pode ajudar as pessoas com tendência a ganhar peso a mudar hábitos, sentir menos culpa e buscar ajuda, caso necessário.
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