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Cem anos de Jorge Amado, o contador de histórias

 

Por Rachel Bertol, no Valor Econômico

 

Houve um tempo em que os escritores brasileiros de ficção costumavam despertar paixão entre os leitores. Jorge Amado era um deles, possivelmente o que mais paixão provocava no grande público. Esse tempo acabou. Hoje, a relação dos brasileiros com seus autores contemporâneos é de outra ordem. ”Assistimos a um momento em que não há mais a mesma paixão”.

 

Um escritor de ficção só atinge seu grande momento junto ao público quando cria grandes personagens, observa Costa e Silva (ABL): “Jorge Amado foi mestre nisso, com personagens inesquecíveis”.

 

“É um autor extraordinariamente importante para nossa história. Iniciou muita gente na leitura e ajudou um país inteiro a aprender a ler. Foi o escritor brasileiro mais popular do século XX, e com qualidade literária”, destaca João Ubaldo Ribeiro.

 

Mesmo com a popularidade e elogios como esses, não se deve esperar unanimidade nas discussões em torno de seu legado. Os livros de Amado sempre foram alvo de fortes ressalvas. A severidade no julgamento – seus personagens seriam rasos, estereotipados, o português descuidado, etc. – fez com que fosse menosprezado nas análises universitárias de letras, apesar de sempre apreciado por antropólogos e sociólogos.

 

A escritora Myriam Fraga, diretora-executiva da Fundação Casa de Jorge Amado, no cargo desde quando a Fundação foi criada, há 25 anos, diz que a máquina do Partido Comunista do Brasil, do qual o escritor foi dirigente, ajudava na sua projeção, mas não explicava o arrebatamento. “Muitos autores comunistas não chegaram a lugar nenhum”, constata Myriam. O mesmo tipo de fenômeno ocorria no exterior.

 

Na opinião de Thyago Nogueira, editor da Companhia das Letras, o escritor combinava boa literatura com apelo popular. “Atualmente, existe um certo pudor em relação a isso, como se tudo que fosse popular fosse menor. Mas, para Jorge Amado, o povo era a matéria-prima. Ele tinha ouvido grande para o que acontecia nas ruas e fazia uma transposição interessante do ponto de vista literário. Sua escrita é oral, engraçada, irônica e incorpora uma série de registros.

 

O mergulho no universo popular, como o do candomblé, foi motivo de crítica e preconceito, lembra Myriam.

 

Os escritores, hoje, não dão prioridade à opção de contar histórias, analisa Musa. “É como se fosse algo inferior, que relacionam talvez ao modelo narrativo do cinema. A literatura verdadeira estaria, então, em outro lugar.”

 

Sem histórias interessantes, corre-se o risco de tornar os leitores arredios, comenta Costa e Silva. “Jorge Amado se propôs ser um contador de histórias, e logrou sua proposta. Ele escolheu por assunto a vida cotidiana, com seus dramas e alegrias, e não lida com grandes angústias.”

 

“Sua obra encerra uma utopia. E ele sentia muito orgulho em ser reconhecido como contador de histórias. Jorge queria fazer uma obra acessível, acreditava que a literatura poderia ser um meio de libertação”, diz Myriam.

 

Costa e Silva destaca outro aspecto positivo: “É algo curioso, uma de suas grandes qualidades, apreciada pelo leitor. Todo livro de Jorge Amado que se leia, seja ‘Capitães da “Areia’ [1937] ou ‘Tocaia Grande’ [1984], apesar da violência e das indignidades que apresentam, sempre nos deixa de cabeça alta. Ninguém sai acabrunhado de um livro de Jorge. É um autor que destila esperança”.

 

http://ponto.outraspalavras.net/2012/01/10/centenario-de-jorge-amado-contador-de-historias/

 

Considerando-se a abordagem do texto sobre os problemas enfrentados pela crítica literária, estabelecem-se as seguintes conclusões:

 

I. Determinar as consequências da centralização da literatura na história.

 

II. Mensurar a influência do partido comunista sobre o sucesso dos escritores a ele filiados.

 

III. Demarcar os limites entre a boa literatura que traz ingredientes populares e a literatura que peca pelo apelo ao popular.

 

Está correto o que se diz apenas em


Outras questões do mesmo concurso: UECE / Vest (UECE) / 2012


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