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INTERNAUTAS
Se alguém não concorda com os críticos de cinema do jornal que compra, se vive numa nação onde parecem pouco confiáveis as versões oficiais dadas quando prédios caem ou trens explodem, graças à internet é fácil saber como cada assunto é visto nos jornais, no rádio e na televisão de outros lugares. Nem tudo é padronização. [...] Com a globalização, também vieram Google e Yahoo, as enciclopédias virtuais, a oportunidade de alcançar jornais e revistas em povoações aonde não chega papel, conhecer livros e espetáculos onde faltam livrarias, salas de concerto ou cinemas. Ser internauta aumenta, para milhões de pessoas, a possibilidade de serem leitores e espectadores. [...] Convocadas por e-mail ou por celular, reivindicações não ouvidas por organismos internacionais, governos e partidos políticos conseguem coordenação e eloquência fora da mídia. As tecnologias avançadas de comunicação também servem para causar transtornos e destruição, como a circulação maciça do spam, o uso de celulares para realizar ataques terroristas islâmicos em capitais ocidentais e para que as máfias planejem e ordenem, da prisão, sequestros ou tomadas de cidades na América Latina. [...] Seria melhor perguntar a quem não serve ser internauta: aos que praticam políticas culturais gutemberguianas, às bibliotecas que não admitem computadores, aos que desejamos usá-los mas que deles só nos servimos pela metade porque nos sentimos estrangeiros face aos nativos digitais ou porque preferimos o prazer de escrever à mão. Àqueles que, às vezes, desejariam desconectar-se e não podem.
CANCLINI, Néstor Garcia. Leitores, espectadores e internautas. Trad. Ana Goldberger. São Paulo:
Iluminuras, 2008. p. 54-55. (Fragmentos)
O texto acima é um dos capítulos de um livro do antropólogo Néstor Garcia Canclini. Ao longo dessa obra, o autor aborda questões referentes à relação que as pessoas, pensadas em seus lugares de leitoras, espectadoras e internautas, estabelecem com as novas tecnologias de informação e comunicação. A partir dessa discussão levantada pelo texto, compreende-se que entre as dimensões da vida individual e coletiva houve