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Para responder à questão, leia o texto.


Nasce um escritor


O primeiro dever passado pelo novo professor de português foi uma descrição tendo o mar como tema. A classe inspirou, toda ela, nos mares de Portugal, descritos pelo poeta Camões. Prisioneiro no internato, eu vivia na saudade das praias do Pontal onde conhecera a liberdade e o sonho. O mar de Ilhéus foi o tema de minha descrição.


Padre Cabral levara os deveres para corrigir em sua cela. Na aula seguinte, entre risonho e solene, anunciou a existência de uma vocação autêntica de escritor naquela sala de aula. Pediu que escutassem com atenção o dever que ia ler. Tinha certeza, afirmou, que o autor daquela página seria no futuro um escritor conhecido. Não regateou elogios. Eu acabara de completar onze anos.


Passei a ser personalidade, ao lado dos futebolistas, dos campeões de matemática e de religião, dos que obtinham medalhas. (...)


Recordo com carinho a figura do jesuíta português erudito e amável. Menos por me haver anunciado escritor, sobretudo por me haver dado o amor aos livros, por me haver revelado o mundo da criação literária. Ajudou-me a suportar aqueles dois anos de internato, a fazer mais leve a minha prisão, minha primeira prisão.


(Jorge Amado, O menino Grapiúna. Adaptado)


O processo que diz respeito às diversas formas de introdução, no texto, de novas entidades ou referentes é chamado de referenciação. Quando tais referentes são retomados mais adiante ou servem de base para a introdução de novos referentes, tem-se o que se denomina progressão referencial.


(Koch & Elias, Ler e Escrever: estratégias de produção textual)


No texto de Jorge Amado, são elementos de progressão referencial:



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