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Texto para o item.
Teoria do Humanitismo
(Quincas Borba, o filósofo, explica sua
filosofia a Rubião, seu enfermeiro)
— Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir‐se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, as aclamações, as recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar‐se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
Machado de Assis. Quincas Borba. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997, p. 648‐649 (com adaptações).
Com relação às ideias do texto, julgue o item.
Compreende‐se do texto que o relacionamento entre as duas tribos pode ser amistoso, “dividem em paz as batatas do campo” (linha 10), ou competitivo, “extermina a outra e recolhe os despojos”.