Enunciados de questões e informações de concursos
Vamos aos fatos: o Brasil é, sim, um país de enorme potencial − com seus milhões de consumidores de classe média em acelerada ascensão, com invejável abundância de recursos naturais −, que vem passando por um período mágico de bônus demográfico que nos dá a chance de enriquecer antes de envelhecer. Nosso mercado interno tornou-se um poderoso ímã de investimentos e até nossas carências surgem como oportunidades. É esse o país que, cada vez mais, vem sendo acusado de destruir sua indústria, teoricamente seduzido pelo brilho de suas commodities. É nessa hora que os defensores das soluções pretensamente fáceis e rápidas erguem a voz: se nossas empresas não estão preparadas para a competição global − devido aos velhos problemas estruturais e de gestão tanto do governo como, por vezes, da própria iniciativa privada −, a solução é culpar os outros e nos protegermos atrás de barreiras artificiais. Vamos nos recolher, dizem eles, e aproveitar sossegados o bom momento do mercado brasileiro. Essa é uma história conhecida, e sabemos muito bem quais são suas consequências. Talvez a maior, e a mais nefasta delas, seja o autoengano, a sensação de que podemos nos tornar competitivos do dia para a noite, por decreto. E assim, novamente, mantemos esquecidas, no fundo das gavetas dos gabinetes, as mudanças essenciais para o presente e o futuro do país.
Cláudia Vassallo. Carta ao Leitor. In: O Brasil em perigo. Revista Exame, 18/4/2012 (com adaptações).
A partir da organização das ideias no texto acima, julgue o item subsequente.
Ao empregar a expressão "dizem eles", referindo-se aos "defensores das soluções pretensamente fáceis e rápidas", o autor do texto evidencia que não concorda com a afirmação "Vamos nos recolher (...) e aproveitar sossegados o bom momento do mercado brasileiro".