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Instrução: A questão refere-se ao texto abaixo.
Os pilares da sustentabilidade: os desafios ambientais do século XXI para a iniciativa privada
Entre os pilares para o desenvolvimento sustentável – aquele capaz de garantir as necessidades da geração atual sem comprometer a futura – está a preservação e manutenção do meio ambiente. Nos últimos tempos, tem sido uma das pautas mais discutidas por líderes políticos e empresariais de todo o mundo, principalmente por conta dos impactos das mudanças climáticas.
Mesmo o Brasil, um país rico em recursos naturais, já sente as consequências dos eventos extremos, como a seca que persiste no Nordeste e deixa muitas famílias sem acesso à água, recurso essencial para a manutenção da vida. Por isso, pensar em formatos mais eficientes de uso é uma atitude urgente e que deve permear as organizações, os governos e a própria sociedade.
Em 2015, o Brasil entrou para o grupo das 197 nações signatárias do Acordo de Paris, que determinou metas para manter o aquecimento global bem abaixo de 2°C até 2030.
Ana Carolina Avzaradel Szklo, Gerente Sênior de Projetos e Assessora Técnica do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), acredita que esses eventos climáticos extremos têm contribuído para que as empresas incorporem a sustentabilidade em suas agendas. As atitudes para reverter esse quadro preocupante devem ser trabalhadas em conjunto, porque o setor privado apresenta um papel tão importante quanto o governo para a efetivação das ações.
Neste contexto, é importante que a sustentabilidade faça parte da organização como um todo, principalmente, da mais alta instância decisória. Investimentos em inovação para tornar processos mais eficientes podem contribuir com uma série de oportunidades para as organizações.
Uma das tendências que estão sendo trabalhadas internacionalmente e sobre o que o CEBDS tem promovido debates com o setor privado é a precificação do carbono. A medida defende a cobrança pela emissão do CO2, o que faz com que as empresas tenham um maior controle sobre os seus processos. Além disso, impulsiona uma economia mais limpa e que consequentemente pode frear o aquecimento global.
Para consolidar uma economia com baixa emissão de carbono, é necessário pensar em toda a cadeia de produção da economia, desde a extração da matéria-prima, o transporte, a produção e até o descarte. Trabalhando com esses rejeitos, evita-se que os materiais acabem em aterros e lixões – locais em que a decomposição emite gases responsáveis pelo efeito estufa, como o metano e o gás carbônico. Com a reciclagem, os resíduos viram matéria-prima novamente, o que evita a extração e colabora para o uso racional de recursos naturais.
Com a ideia de eliminar o lixo, a empresa precisa investir bastante para reciclar materiais não convencionais como esponjas de limpeza, cosméticos, tubos de pasta de dente, lápis e canetas. Por não terem fluxos regulares de reciclagem, fazer o processo com esses rejeitos sai bem mais caro. “Esses materiais são considerados ‘não recicláveis’, pois o custo para reciclá-los é superior ao valor obtido com a matéria-prima resultante do processo. Percebemos, portanto, que não existe efetivamente nada que não possa ser reciclado. O que existem são resíduos que valem a pena do ponto de vista financeiro, e outros não, justamente por serem complexos”, explica Pirrongelli da TerraCycle.
O programa de coleta da TerraCycle engaja consumidores e produtores em seu processo. Não são apenas os produtos de difícil reciclabilidade que preocupam ambientalistas, governos e empresas ao redor do mundo. Mesmo materiais que já têm processos consolidados, como o plástico, acabam em lixões e aterros, onde demoram anos para se decompor. Relatórios divulgados no início deste ano pela Ellen MacArthur Foundation mostram que cerca de oito bilhões de toneladas de plástico são descartados nos mares por ano – quantidade equivalente a um caminhão de lixo por minuto. A organização calculou que, se esse ritmo continuar, haverá mais plástico do que peixe nos oceanos em 2050.
Por isso, a maior procura por produtos biodegradáveis sinaliza a crescente preocupação do setor privado em relação ao meio ambiente. Nesse aspecto, a tecnologia é um aspecto fundamental para a sustentabilidade.
Soluções como o plástico hidrossolúvel têm sido cada vez mais procuradas como um meio de evitar o problema do descarte irresponsável. O material é novidade no Brasil e na América Latina e consiste em um plástico que se dissolve na água em apenas alguns segundos. Há também, nesse mesmo viés, bobinas, saquinhos hidrossolúveis sob medida, entretelas, entre outros. Essa solução, de acordo com um empresário do setor, traz diversas vantagens ao comprador, como: redução de custos em transporte e armazenagem, devido à concentração de produto na embalagem hidrossolúvel; diminuição no uso e descarte do plástico convencional, que pode gerar créditos de carbono e também traz segurança na aplicação e no manuseio de substâncias químicas que podem ser nocivas para o ser humano. As empresas podem contribuir para um desenvolvimento sustentável valorizando produtos que têm um apelo sustentável, criando uma cultura organizacional voltada para essas questões e investindo em desenvolvimento de novas alternativas. É importante também que a organização, além de realizar esses processos, valorize que os mesmos sejam adotados por toda cadeia produtiva, envolvendo desde seus fornecedores até seus clientes.
(Fonte: Amcham Brasil, 26 de maio 2017 – http://economia.estadao.com.br/blogs – Texto adaptado)
Em “porque o setor privado apresenta um papel tão importante quanto o governo para a efetivação das ações.” , ‘porque’ e ‘tão... quanto’ expressam, respectivamente: