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Os meninos deitaram-se e pegaram no sono. Sinha Vitória pediu o binga ao companheiro e acendeu o cachimbo. Fabiano preparou um cigarro. Por enquanto estavam sossegados. Voltaram a cochichar projetos, as fumaças do cigarro e do cachimbo misturaram-se. Fabiano insistiu nos seus conhecimentos topográficos, falou no cavalo de fábrica. Ia morrer na certa, um animal tão bom. Se tivesse vindo com eles,
transportaria a bagagem. Ia morrer o amigo, num canto de cerca, vendo os urubus chegarem banzeiros, saltando, os bicos ameaçando-lhe os olhos. A lembrança das aves medonhas, que ameaçavam com os bicos pontudos os olhos de criaturas vivas, horrorizou Fabiano. Sinha Vitória percebeu-lhe a inquietação na cara torturada e levantou-se, acordou os filhos, arrumou os picuás. Fabiano retomou o carrego. Pouco a pouco uma vida nova, ainda confusa, se foi esboçando. Fabiano estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era. E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinha Vitória e os dois meninos.
Graciliano Ramos. Vidas Secas.
Acerca dos sentidos do texto, julgue o item subsequente.
O trecho “Uma cidade grande (...) presos nela” descreve os acontecimentos que sucederam com Fabiano e sua família depois de terem chegado à cidade grande.