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Leia o texto a seguir e responda a questão:
Dos palavrões no teatro
Eu própria não uso palavrões porque na minha casa, na infância, não usavam e habituei-me a me exprimir através de outro linguajar. Mas o palavrão – aquele que expressa o que uma palavra não faria - esse não me choca. Há peças de teatro, como A volta ao lar (Fernanda Montenegro, excelente) ou Dois perdidos numa noite suja (Fauzi Arap e Nélson Xavier, excelentes), que simplesmente não poderiam passar sem o palavrão por causa do ambiente em que se passam e pelo tipo dos personagens. Essas duas peças, por exemplo, são de alta qualidade, e não podem ser restringidas.
Além do mais, quem vai ao teatro em geral já está pelo menos ligeiramente informado, por rumores até, da espécie de espetáculo a que assistirá. Se o palavrão lhe dá mal-estar ou o escandaliza, por que então comprar a entrada?
E mais ainda: as peças de teatro têm censura de idade, e o mais comum é só permitir a entrada de menores a partir de dezesseis anos, o que é uma garantia. Embora mesmo antes dessa idade os palavrões sejam conhecidos e usados pela maioria da juventude moderna.
Qual é então o problema que o uso do palavrão adequado a um texto poderia suscitar? E sem falar que, agrade ou não, o palavrão faz parte da língua portuguesa.
LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. p. 36. (texto adaptado)
Quanto ao gênero textual, o texto classifica-se como: