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O chá, os fantasmas, os ventos encanados

 

Nasci no tempo dos ventos encanados, quando, para evitar compromissos, a gente dizia estar com enxaqueca, palavra horrível mas desculpa distinta. Ter enxaqueca não era para todos, mas só para essas senhoras que tomavam chá com o dedo mindinho espichado. Quando eu via aquilo, ficava a pensar sozinho comigo (menino, naquele tempo, não dava opinião) por que é que elas não usavam, para cúmulo da elegância, um laçarote azul no dedo...

 

Também se falava misteriosamente em “moléstias de senhoras” nos anúncios farmacêuticos que eu lia. Era decerto uma coisa privativa das senhoras, como as enxaquecas, pois as criadas, essas, não tinham tempo para isso. Mas, em compensação, me assustavam deliciosamente com histórias de assombração. Nunca me apareceu nenhuma.

 

Pelo visto, era isso: nunca consegui comunicar-me com este nem com o outro mundo. A não ser através d’O tico-tico e da poesia de Camões, do qual até hoje me assombra este verso único: “Que o menor mal de tudo seja a morte!”

Pois a verdadeira poesia sempre foi um meio de comunicação com este e com o outro mundo.

 

(Mario Quintana. Da preguiça como método de trabalho, 2013. Adaptado)

 

Na passagem – Era decerto uma coisa privativa das senhoras, como as enxaquecas, pois as criadas, essas, não tinham tempo para isso. –, os termos destacados expressam, correta e respectivamente, sentidos de



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