Febre: um aviso do seu corpo
A febre é capaz de causar um grande transtorno. Mas fique calmo: ela se trata, simplesmente, de uma reação fisiológica normal. A elevação da temperatura corporal pode se dar tanto para combater traumatismo ou queimaduras quanto infecções. Não deve, por isso, ser vista como doença, mas sim como um favorável mecanismo de defesa do organismo. O principal problema é mesmo o desconforto que a febre pode provocar, já que, quando a temperatura sobe, ela vem acompanhada de mal-estar. Ainda assim, vale diferenciar as situações em que o seu aparecimento pode justificar a ida ao médico daquelas em que bastam algumas medidas caseiras para lidar com o problema.
É difícil dizer quando começa a febre, já que a temperatura varia de pessoa para pessoa e também depende da hora, do dia e do local do corpo onde é medida. Em geral, abaixo dos 37,5 ºC, pela medição na axila, não se considera que haja febre. Normalmente, ela dura apenas alguns dias e não traz complicações graves. Não é comum ultrapassar os 42 ºC, mas, se isso acontecer, pode causar danos cerebrais. A febre costuma surgir acompanhada de outros sintomas, como calafrios, suor, rubor, dores de cabeça, náuseas, vômitos ou diarreia, que se devem à doença que ainda não se manifestou claramente, e não à febre em si.
Não basta colocar a mão na testa para saber se alguém tem febre. A medição deve ser feita com um termômetro. É possível medir a temperatura no ouvido, na boca, na axila e no reto. Mas a escolha tem impacto no resultado, porque o valor indicado pelo termômetro pode variar com o local em que está sendo feita a medição.
Embora pouco usual no Brasil, a medição retal é a mais precisa. Nesse caso, considera-se que há febre a partir de 38 ºC. Apesar de não apontar a temperatura de maneira tão exata, a medição axilar é o método mais usado e também o mais prático. Basta colocar o termômetro junto à axila e manter o braço apertado durante cinco minutos. A partir de 37,6 ºC, já se considera que a pessoa está com febre. A medição no ouvido é a mais confortável. Porém ela não pode ser feita com termômetros convencionais. É preciso comprar um aparelho especial, que costuma ter custo elevado. Além disso, esse tipo de medição envolve uma margem de erro maior. Por isso, devem ser feitas três medições, considerando-se o valor mais elevado.
A febre será constatada quando o valor for superior a 37,8 ºC. Por fim, a temperatura medida na boca só pode ser feita a partir dos cinco anos. O termômetro convencional é colocado debaixo da língua, com a boca fechada, e então é preciso aguardar de um a dois minutos para a leitura. Uma temperatura superior a 37,6 ºC é considerada febre.
Por ser uma reação benéfica do organismo, a febre não pede a medicação como recurso imediato. Em geral, a causa desaparece ao fim de quatro a cinco dias, e só raramente – e apenas com temperaturas muito elevadas – é que pode ser prejudicial. Por essas razões, deve ser considerada com a mesma naturalidade com que se encara o cansaço ou outros sinais pouco específicos, desde que não surja associada a outros sintomas.
A criança ou o adulto com febre costuma ficar apático, irritável e com menos apetite. Caso a elevação da temperatura seja moderada (abaixo de 39 ºC), é importante beber muitos líquidos e respeitar o apetite da pessoa. Além disso, o vestuário deve ser adequado à sensação de frio ou calor que possa surgir. Mas o resfriamento com banho morno, compressas úmidas ou ventiladores contribui para controlar o problema. Se, apesar dessas medidas, a pessoa não se sentir confortável, pode tomar um antitérmico, como paracetamol, dipirona ou ibuprofeno, em doses adequadas para a idade. A medicação não altera o curso normal da febre, mas alivia o desconforto. O tratamento também não serve para prevenir convulsões, mesmo no caso de crianças febris.
O antitérmico costuma baixar a febre de 1 ºC a 1,5 ºC em duas a três horas. Mas seu uso não deve ser prolongado – caso contrário, pode trazer efeitos adversos. E saiba que antitérmicos à base de ácido acetilsalicílico são contraindicados até os 12 anos (em crianças e jovens, pode provocar a síndrome de Reye, problema grave e raro que afeta o cérebro e o fígado). Também não são aconselhados para mulheres grávidas, sobretudo no último trimestre, e para idosos sensíveis aos seus efeitos adversos, como predisposição a problemas gástricos.
Se a temperatura estiver muito alta e persistir por mais de três dias, não hesite em procurar um médico.
Texto adaptado da Revista PROTESTE SAÚDE. Abril 2018. p. 11-13.