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Fazia mais de um ano que Marcelino, o Nenê, não via seu pai quando desembarcou de um ônibus em São Paulo.

 

Vinha de Carneiros, cidadezinha no sertão de Alagoas, junto com a mãe e os dois irmãos.

 

Ao mesmo tempo em que matava as saudades do pai, prestava atenção a tudo que passava no caminho: prédio, escadaria, arranha-céu, carro. Nos primeiros dias na cidade nova, sentava-se na calçada da frente de casa para ver o movimento.

 

Se, lá na cidade antiga, todo mundo se conhecia, na nova tinha muita, muita gente. E não eram só as pessoas que eram novas – foi em São Paulo que Nenê comeu pizza e hambúrguer pela primeira vez, e foi onde ele conheceu o morango.

 

Nem tudo foi legal nesse começo. De tanto ter seu sotaque nordestino ridicularizado na escola, Nenê trancou a boca e por três anos só falou o essencial. Começou a achar cruel a mudança de cultura e foi tentando excluir memórias antigas para trocá-las por coisas novas, para ver se era incluído nas turmas.

 

Essa história já tem quase 15 anos. Depois de trabalhar como entregador de água, ajudante em lava-rápidos, mecânicas, restaurantes e hortifrutis, Nenê hoje é artista.

 

Em um perfil com 190 mil seguidores numa rede social, ele mostra o resultado de um projeto que vem fazendo há cerca de um ano: o Quebradinha, em que Nenê faz miniaturas de casas, comércios e outras construções típicas de favelas.

 

“O Quebradinha surge com a intenção de eternizar as memórias. Pego as coisas de que eu me lembro lá da rua em que eu vivia correndo e em que brincava com meus amigos”, resume.

 

Nenê calcula que já tenha criado quase 15 casinhas. Para construí-las, ele só usa material reciclável. As caixinhas d’água, por exemplo, são tampinhas de desodorante pintadas. As telhas vêm do papelão, os tijolos são de massa de modelar, o cimento é papel machê. O lixinho nos sacos é lixinho mesmo, com madeira, palito, besteiras.

 

(Marcella Franco. Quebradinha faz sucesso no Instagram com miniaturas de

construções da periferia. www1.folha.uol.com.br, 27.01.2023. Adaptado)

 

Assinale a alternativa em que a palavra mesmo foi empregada com a mesma função gramatical que no trecho “O lixinho nos sacos é lixinho mesmo, com madeira, palito, besteiras”.


Outras questões do mesmo concurso: Pref Itapevi / Ag (Pref Itapevi) / 2023 / Serviços


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Prova Objetiva - Conhecimentos Específicos

Prova Objetiva - Conhecimentos Gerais

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