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Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro
Questão 1 de 1

Texto 1

Mercado do desespero


Escolho a Índia, país maravilhoso, mas poderia escolher vários outros para trazer brevemente um dos problemas mais sérios da atualidade.


Falo do crescente comércio de órgãos humanos de doadores vivos que domina a cena global. O encontro entre carências e demandas vitais: no mercado. De um lado compradores, desesperados por sobreviver a doenças. De outro lado vendedores, desesperados por sobreviver à miséria. E uma organização no meio deles, anunciando o milagre, arregimentando fragilidades, negociando a mercadoria, viabilizando cirurgias, corrompendo consciências e controles, alimentando redes via Internet. De longe, governos minimizando ou negando que a barbaridade floresça em suas respectivas ilhas de tranquilidade e exceção.


Apesar da legislação, a Índia é o país de onde mais saem órgãos humanos para o exterior, em sua maioria já devidamente instalados no corpo de estrangeiros. A Organização Mundial de Saúde denuncia a prática, que envolve milhares de pessoas convencidas a vender rins ou córneas. Estudo recente mostrou a deterioração da saúde de 86% dos doadores indianos. Facilitam alguns valores culturais e a dominação masculina, levando a que mais de 70% dos doadores sejam mulheres. Muitas aceitam encenar casamentos com doentes, que as remuneram após conseguir o órgão, desfazendo a combinação em seguida. Vendem seus órgãos para pagar dívidas da família, para obter recursos para os estudos de um filho homem, para o dote da filha. Não parece história de novela?


Mas já em 2004 a Organização Mundial de Saúde reconhecia ser tragédia do mundo real e recomendava aos Estados-membro que promovessem medidas urgentes para proteger seus pobres e vulneráveis do “turismo para transplante”, dando a atenção devida ao tráfico internacional de órgãos.


(...) Em 2008 também o Papa exigiu ética em doações e transplantes e providências contra o que chamou de “abominável” tráfico humano.


(Elizabeth Sussekind O Globo, 09-02-2009)

 

A autora utiliza, em vários momentos, linguagem figurada.

 

Assinale a alternativa em que os termos não exemplificam caso de linguagem figurada.



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