Vacina contra a dengue desenvolvida pelo Butantan entra na reta final de estudos clínicos
Nem só ao combate à Covid-19 e à produção de soros antiofídicos se dedica o Butantan. Trabalhando sempre a serviço da vida e da saúde da população, o instituto desenvolve diversos imunizantes contra outras doenças graves que, em tempos de pandemia, até esquecemos que existem. Uma delas é a dengue, que só em 2019 infectou 1.489.457 brasileiros, causando 689 mortes. Desde 2009, pesquisadores do Butantan estudam a produção de uma vacina contra o vírus da dengue. Ela ainda não tem previsão de distribuição à população, mas os ensaios clínicos estão bem avançados.
Esse imunizante usa a técnica de vírus atenuado contra a dengue, utilizando vírus enfraquecidos que induzem a produção de anticorpos sem causar a doença e com poucas reações adversas. O imunizante será tetravalente, protegendo dos quatro tipos de dengue (tipo 1, 2, 3 e 4). “Sempre que se planeja fazer uma nova vacina, o ideal, quando possível, é utilizar um vírus atenuado, pois geralmente gera uma resposta mais eficiente e duradoura”, explica a gerente de projetos do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas Virais do Butantan, Neuza Maria Frazatti Gallina.
A atenuação do vírus foi realizada pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID), um dos parceiros do Butantan na iniciativa. Os vírus atenuados foram cultivados em células Vero do macaco verde africano, uma técnica já estabelecida e usada em diversas vacinas; depois, a matéria-prima foi purificada e seguiu para a formulação. A última etapa é a liofilização, processo que transforma o líquido em pó, e a criação do diluente para diluir o pó no momento da aplicação da vacina.
Os ensaios clínicos de fase três da vacina já estão em andamento. Atualmente, está sendo feito o acompanhamento dos últimos voluntários incluídos nos testes, o que significa que o processo de desenvolvimento do imunizante está em fase final. A previsão é que a pesquisa seja finalizada até 2024. “A vacina será um dos principais componentes de combate à doença, mas é importante ressaltar que não é só a vacina que vai combater a dengue. Nós temos que continuar realizando todas as outras formas de ajudar a combater o mosquito e, portanto, a transmissão da dengue”, afirma o diretor do Centro de Segurança Clínica e Gestão de Risco: Farmacovigilância e Farmacoepidemiologia, Alexander Precioso. “As pessoas vacinadas vão evitar hospitalizações e mortes e isso vai tornar a dengue controlada no país”, explica Neuza. “Em qualquer situação, é importante agir na prevenção. Na saúde pública a prevenção de doenças é feita principalmente com as vacinas”, completa Neuza.
Disponível em: https://www.butantan.gov.br/noticias/vacina-contra-a-dengue-desenvolvida-pelo-
butantan- entra-na-reta-final-de-estudos-clinicos – texto adaptado especialmente para esta prova.