Leia o texto a seguir para responder a questão.
Comunicação em tempos de diversidade e inclusão
(Lúcio Júnior)
Tema ganha relevância nas organizações e exige cuidados
Publicado em 29 de junho de 2022 | 03h00
Há uns dias eu participava de uma reunião com a minha equipe, e uma das funcionárias usou o termo “preto” referindo-se a um dos nossos colaboradores, e confesso que aquilo soou um pouco estranho pra mim. Eu já tinha ouvido algo a respeito sobre o termo “negro” ser pejorativo. Porém, eu não tinha tanta certeza assim, e uma grande dúvida pairou sobre a minha mente. Deparei-me com a insegurança em cometer um erro grave, usando o termo incorreto. Não tinha certeza de qual seria o certo e, a partir daí, evitei ao máximo fazer qualquer tipo de referência. Situações como essa já ocorreram com você?
Diversidade e inclusão são temas cada vez mais debatidos na sociedade e, logo, nas organizações. Principalmente enquanto lideranças, precisamos aprender quais cuidados precisamos ter com a nossa comunicação nessa era da diversidade e da inclusão.
Afinal, a comunicação reflete o nosso posicionamento, o posicionamento das empresas, e isso é crucial para a reputação e a imagem das organizações. Ainda mais em tempos de redes sociais, que identificam imediatamente qualquer deslize e costumam condenar mesmo, sem dó nem piedade. Já vi pessoas e empresas em situações supercomplicadas, tendo que justificar o injustificável. Pedir desculpas publicamente por uma fala preconceituosa ou por uma atitude errada flagrada por um celular.
Há quem diga que o mundo está muito chato. Não pode falar assim, não pode falar assado, isso não é politicamente correto. É difícil mesmo mudar, ainda mais os padrões que aprendemos e adotamos uma vida inteira. A grande cilada nessa história toda é quando ligamos o modo automático. Porque, pelo hábito, nosso cérebro nos leva para o caminho mais rápido e mais fácil: o caminho dos padrões, dos termos e expressões que ouvimos e usamos a vida inteira e sempre foram “normais”.
Quer alguns exemplos? “Cor de pele”, “doméstica”, “estampa étnica”, “criado-mudo”, “a dar com pau”, “meia-tigela”, “samba do crioulo doido”, “denegrir”, “mercado negro”, “lista negra”, “inveja branca”, “deficiente”, “aleijado”, “inválido”, “retardado”, “homossexualismo”, “opção sexual”, “mal-amada”, “língua materna” e por aí vai. Estes são apenas alguns exemplos, existe uma infinidade.
Como líderes, precisamos dar o exemplo e orientar nosso time diariamente. Uma boa ideia é promover um workshop para colaboradores a fim de explicar a origem das palavras preconceituosas e como elas podem gerar situações racistas, xenofóbicas e homofóbicas. Ou, ainda, criar uma lista com palavras e expressões proibidas, com seu real significado, e fazer circular por toda a empresa.
O que a minha experiência me ensinou também é que melhor do que aprender a falar, a escrever, é aprender a ouvir. Portanto, na dúvida, pergunte. E siga também nas redes sociais os principais grupos representativos das minorias, como os grupos feministas, de negros e LGBTQIA+. Assim, você vai aprender com quem realmente entende do assunto e sofre pelo uso incorreto e naturalização dessas palavras e expressões.
Lúcio Júnior é CEO do Open Mind Brazil. O Open Mind Brazil é uma plataforma de networking entre grandes nomes do mercado corporativo, esportivo e cultural. Promove a interação através de eventos presenciais e virtuais, conectando executivos em diferentes regiões do Brasil e do mundo.
Disponível em https://www.otempo.com.br/opiniao/open-mind-brazil/comunicacao-em-tempos-de-diversidade-e-inclusao-1.2690857 - Acesso em 14/07/2022