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Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região
Questão 1 de 1

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.


Meios e fins


O crítico José Onofre disse uma vez que a frase “não se faz uma omelete sem quebrar ovos” é muito repetida por gente que não gosta de omelete, gosta do barulhinho dos ovos sendo quebrados. Extrema esquerda e extrema direita se parecem não porque amam seus ideais, mas porque amam os extremos, têm o gosto pelo crec-crec.


A metáfora da omelete é “o fim justifica os meios”, em linguagem de cozinha. O fim justificaria todos os meios extremos de catequização e purificação, já que o fim é uma humanidade melhor – só variando de extremo para extremo o conceito de “melhor”.

 

Todos os fins são nobres para quem os justifica, seja uma sociedade sem descrentes, sem classes ou sem raças impuras. O próprio sacrifício de ovos pelo sacrifício de ovos tem uma genealogia respeitável, a ideia de regeneração (dos outros) pelo sofrimento e pelo sangue acompanha a humanidade desde as primeiras cavernas. Ou seja, até os sádicos têm bons argumentos. Mas o fim das ideologias teria decretado o fim do horror terapêutico, do mito da salvação pela purgação que o século passado estatizou e transformou no seu mito mais destrutivo.


O fracasso do comunismo na prática acabou com a desculpa, racional ou irracional, para o stalinismo. O tempo não redimiu o horror, o fim foi só a última condenação dos meios.


(Adaptado de: Luis Fernando Verissimo, O mundo é bárbaro)

 

Está adequada a correlação entre tempos e modos verbais na frase:



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