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O passado jamais pode ser objeto de escolha: ninguém escolhe ter havido o saque de Troia; com efeito, a deliberação não se refere ao passado, mas ao futuro e ao contingente, pois o passado não pode não ter sido. Agatão está certo ao escrever: “Pois há uma única coisa de que o próprio Deus está privado: fazer que o que foi não tenha sido”.
Em outras palavras, a necessidade do passado se contrapõe à possibilidade do presente, em decorrência da indeterminação do futuro. O possível está, portanto, articulado ao tempo presente como escolha que determinará o sentido do futuro, que, em si mesmo, é contingente porque depende de nossa deliberação, escolha e ação. Isso significa, todavia, que, uma vez feita a escolha entre duas alternativas contrárias e realizada a ação, aquilo que era um futuro contingente se transforma em um passado necessário, de tal maneira que nossa ação determina o curso do tempo. É essa passagem do contingente ao necessário por meio do possível que dá à ação humana um peso incalculável.
Marilena Chaui. Contra a servidão voluntária. Belo Horizonte: Editora Fundação Perseu Abramo, 2013, vol. 1, p. 114 (com adaptações).
Com relação aos aspectos linguísticos e aos sentidos do texto acima, julgue o item a seguir.
Depreende-se do texto a ideia de impossibilidade de correção dos erros cometidos e, consequentemente, de alteração do curso da história.