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Texto CB1A1AAA

 

Se a competência dos professores fosse medida pelo número de cursos frequentados, a qualificação dos professores seria extraordinária. Se a qualidade das escolas pudesse ser medida pelo peso dos certificados de ações de formação frequentadas pelos seus professores, aconteceria uma revolução em cada escola. Os professores fazem cursos, acumulam certificados, sem que isso corresponda a mudança ou responda aos desafios que encaram na sala de aula.

 

Esta preocupante realidade brasileira não difere de outras realidades. Em Portugal, após o incremento da formação continuada de professores, decorrente da institucionalização de um subsistema de formação e do investimento de milhões de euros, os resultados foram decepcionantes. Na prática, pouco ou nada se alterou na atitude dos professores, pouco ou nada terá mudado nas suas práticas.

 

Por que falharam os programas de formação? Talvez porque se tenha insistido na crença da transferibilidade linear de saberes pretensamente adquiridos. Talvez porque se tenha esquecido que o modo como o professor aprende é o modo como o professor ensina. Que o modelo predominante da formação universitária é, por vezes, a negação do que se pretende transmitir e que a universidade é... a matriz. Talvez porque se descurasse a necessidade de criar dispositivos de autoformação cooperativa, que rompessem com a cultura do isolamento e autossuficiência que ainda prevalecem nas nossas escolas. Talvez...

 

Não será difícil caracterizar os programas de formação que serviram a intuitos “reformadores”: o seu objetivo primordial é o de adaptar os professores a “novas” técnicas ou processos.

 

A avaliar pela situação que se vive nas escolas, talvez esta prática de formação não tenha servido ao que se propôs. E não se poderá imputar a responsabilidade à incipiente concepção, à escassez de recursos, à falta de financiamento dos programas ou ao tradicional individualismo dos professores.


Estes programas mantêm grande número de professores como simples consumidores de formação.

 

Acredito que a formação acontece quando um professor se decifra através de um diálogo entre o eu que age e o eu que se interroga, quando o professor participa de um efetivo projeto, identifica as suas fragilidades e compreende que é obra imperfeita de imperfeitos professores.

 

José Pacheco. Para que serve a formação? Escola da ponte – formação e
transformação da educação. São Paulo: Vozes, 2010, p. 4 (com adaptações).

 

Considerando as ideias expressas no texto CB1A1AAA e a sua tipologia, julgue o item a seguir.

 

De acordo com o texto, uma das possíveis falhas dos programas de formação de professores é a continuidade de um modelo tradicional de transferência de conteúdos.



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