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O Azulão e os tico-ticos

 

Do começo ao fim do dia,

um belo Azulão cantava,

e o pomar que atento ouvia

o seus trilos de harmonia,

cada vez mais se enflorava.

 

Se um tico-tico e outras aves

vaiavam sua canção...

mais doce ainda se ouvia

a flauta desse Azulão.

 

Um papagaio, surpreso

de ver o grande desprezo,

do Azulão, que os desprezava,

um dia em que ele cantava

e um bando de tico-ticos

numa algazarra o vaiava,

lhe perguntou: “Azulão

olha, dize-me a razão

por que, quando estás cantando

e recebes uma vaia

desses garotos joviais,

tu continuas gorgeando

e cada vez canta mais?!”

 

Numas volatas sonoras,

o Azulão lhe respondeu:

“Caro Amigo! Eu prezo muito

esta garganta sublime

e esta  voz maravilhosa...

este dom que Deus me deu!

 

Quando, há pouco, eu descantava,

pensando não ser ouvido

nestes matos por ninguém,

um Sabiá*, que me escutava,

num capoeirão, escondido,

gritou de lá: — meu colega,

bravos! Bravos... muito bem!

 

Pergunto agora a você:

quem foi um dia aplaudido

pelo príncipe dos cantos

de celestes harmonias,

(irmão de Gonçalves Dias,

um dos cantores mais ricos...)

— que caso pode fazer

das vaias dos tico-ticos?”

 

* Nota do editor: Simbolicamente, Rui Barbosa está representado neste Sabiá, pois foi a “Águia de Haia” um dos maiores admiradores de Catulo e prefaciador do seu livro Poemas bravios.

 

(Poemas escolhidos, s/d.)

 

Ante as vaias dos tico-ticos e outras aves, o Azulão torna ainda mais perfeita sua canção. Com isso, revela uma atitude de



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