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Eu amo os meus defeitos. E você? Deveria...
Mônica Salgado
A questão que se coloca neste texto é: somos programados para querer tudo. Sem isso ou aquilo. É isso e aquilo. Com roupas de grife, conta bancária polpuda, férias descoladas, coach, masterclass com o Karnal, amigos fiéis e divertidos, um propósito profissional e muita meditação. Ah, e a regra é clara: não postou, não aconteceu. Viver para dentro não tem a menor graça, não dá likes nem gera engajamento. Fomos da sociedade do ser sociedade do ter. Chegamos agora sociedade do parecer. Só aparece o que parece ser bom. Só parece ser bom o que aparece.
Num mundo de culto excessivo positividade superficial das redes sociais; de ode gratidão suprema (pedir? Nunca! Afinal, já temos tanto); num planeta onde a grama verde do vizinho é vista através de olhos míopes com óculos cor de rosa, felicidade, fama e sucesso parecem prêmios certeiros de uma existência robótico-ensaiada. Se você não chegou lá, não agradeceu o suficiente. Não meditou como poderia. Ou não leu a autoajuda best-seller da vez. Sentiu raiva, inveja, cobiçou algo de alguém. Logo, não merece ser agraciado com a plenitude que só abençoa os perfeitinhos bem-intencionados e politicamente corretos que habitam o mundo digital.
Basicamente, se eu não realizo o que desejo num mundo que anuncia tudo ser possível, é como se a deficiência fosse minha. Certo? NÃO!!! Não há nada mais humano do que a falta, a falha, a deficiência, a fraqueza, a síndrome de impostor, a sombra, o lado B. Por que, então, pega tão mal admitir que sentimos isso tudo?
E tudo bem não estar sempre bem – ainda que você pareça a única. Minha alma é bifurcada. Tem sombra e tem luz. Kharma e dharma. Não sou caricatura de Instagram: sou real. Me deixem, portanto, na minha sombrinha ocasional em paz. Me deixem lamber as feridas que,
numa boa, só eu sei que tenho. Com licença: deixem-me xingar, me lamentar, autodepreciar, chorar... Valorizo minhas bênçãos, mas reverencio minhas fraquezas também. Graças a esse combo, eu sou eu.
Que saibamos, eu e você, aceitar, acolher e amar isso em nós. Isso é, afinal, ser humano!
Excerto adaptado. Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/
Analise as assertivas a seguir acerca do exposto no texto:
I. Ao longo do texto, a autora critica a exposição desnecessária e a busca por algo parecido com a fama, medido através das respostas dos seguidores em redes sociais.
II. Para a autora, se uma experiência de vida não for registrada em fotos e postada nas redes sociais, ela não tem verdadeiro valor pessoal.
III. A autora considera que, no mundo atual, as pessoas se entregam demais a sentimentos negativos e agradecem pouco pelo que têm, sendo que, na verdade, devemos buscar estarmos sempre bem e em paz com nossa vida.
Quais estão corretas?