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A questão refere-se ao texto abaixo.

 

Previsões de Um Futuro Passado: 30 Anos de Internet

 

Há 30 anos, o mundo era outro. Não, eu não estou falando da queda do muro de Berlim, da eleição de Collor ou dos protestos na Praça da Paz Celestial. Quero dizer que, em 1989, a internet mal existia. Foi só naquele ano que Tim Berners-Lee deu forma final a seu conceito de World Wide Web, quando ainda trabalhava na Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear em Genebra. Provedores de internet para o grande público só engatinhavam nos Estados Unidos e na Europa.

 

Ainda que fosse um cenário bastante distinto da nossa web de redes sociais, conexão sem-fio e emojis, ali estavam as bases da rede mundial de computadores que conhecemos hoje. Em homenagem às três décadas dessa invenção que mudou o mundo, mergulhei nos acervos de O Globo para conferir quais eram as previsões dos jornais sobre o futuro da Internet entre 1989 e 1995, ano em que o serviço chegou oficialmente ao Brasil e pudemos enfim conferir seu funcionamento ao vivo e a (poucas) cores. Separei, a seguir, três das mais interessantes previsões, deixando de lado outras como e-commerce e internet banking. "Quem quer ler tanta notícia?"

 

Em 1991, a internet já alcançava um número decente de usuários. Pelo menos 3 milhões, segundo uma reportagem que descrevia as cada vez mais conectadas redes de computadores, até então, principalmente, acadêmicas. E um dado chama a atenção: quem se conectasse à rede poderia ter acesso a mais de “200 conferências internacionais, sem sair de casa”. Mais do que isso, era possível ler até 100 páginas de notícias por dia! O número hiperbólico levou a repórter a se questionar: “Quem quer ler tanta notícia?!”

 

Pois bem... quase 30 anos depois, o panorama é outro. Só nos EUA, dois terços das pessoas acessam notícias online , e a tendência é que esse número ainda cresça. O volume de publicações então, é imensurável. Certeza só de que são muito mais do que 100 páginas diárias de notícias por aí. A casa, com certeza, está nos milhões de artigos, reportagens, gráficos, vídeos e análises noticiosos por dia. Mas a pergunta continua de pé: “Quem quer ler tanta notícia?!” “Dono de videolocadora, o tempo é de começar a se preocupar

 

O aviso alarmista estampado em uma das reportagens analisadas não poderia ter sido mais certeiro, ainda que um pouco precipitado. Em outubro de 1994 a gigante americana Time-Warner anunciava o lançamento de um serviço de “Video On Demand” para alguns assinantes. O objetivo era de fornecer notícias, filmes e entretenimento em uma “rede digital multimídia”. Os arquivos eram comprimidos, enviados em até 450bps para receptores (que poderiam ser TVs) e então vistos pelos assinantes. Naquela altura, até 1000 pessoas eram capazes de assistir filmes simultaneamente.

 

Com tamanhas aspirações, não surpreende que o repórter tenha visto a medida da Time-Warner (e de sua concorrente, a Oracle) como uma péssima notícia para as videolocadoras. Quase 30 anos depois, a preocupação era mais do que justificada. Vivemos uma era de streaming, a Blockbuster que o diga. Descansem em paz, videolocadoras. O rosto do seu computador

 

Nem toda previsão é acertada. Inclusive uma feita pelo New York Times, que cravou, em 11 de julho de 1994, que a próxima grande tendência da informática seria dar caras aos computadores. E da maneira mais assombrosa possível: gerando rostos que interagissem e dessem recados aos usuários sobre o funcionamento dos PCs. A ideia, que talvez parecesse natural na época, felizmente, nunca foi para frente. Em 2019, ninguém recebe uma tela azul acompanhada de uma cara triste. :(

 

A ideia, porém, não é de todo incoerente. A tentativa de humanização dos computadores ainda está na moda, como mostram filmes como “Her” e assistentes digitais como a “Alexa” e a “Siri”, da Amazon e Apple, respectivamente. A tentativa é válida e pode facilitar a vida dos usuários. Só, por favor, não deem rostos às máquinas. Não queremos pesadelos.

 

Daniel Salgado – 08/02/2019 – Disponível em: https://epoca.globo.com – adaptação.

 

 

No trecho “O aviso alarmista estampado em uma das reportagens analisadas não poderia ter sido mais certeiro, ainda que um pouco precipitado”, quantas outras alterações seriam obrigatoriamente necessárias a fim de que se mantenham as corretas relações de concordância caso alterássemos a palavra “aviso” por sua forma plural.



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