Fiz faculdade de Direito no Mackenzie. Passei três vezes antes de entrar, porque queria fazer no Largo São Francisco. Na última vez, minha mãe me deu um ultimato. Agradeço até hoje por isso, não teria sido tão feliz como fui se tivesse feito outra faculdade.
Comecei a realmente estudar para concursos em 05/2020, quando saiu o edital para Delegado da Polícia Civil do Paraná. Era pandemia, estava em quarentena, e passei a estudar todo dia e treinar para o TAF em casa.
Estudava cerca de 4 horas líquidas por dia, assistia vídeo aulas e resolvia questões na plataforma TEC. Revisava os conteúdos diariamente: cinco questões do que havia estudado no dia anterior, revisões semanais aos sábados e simulados aos domingos. O TEC foi essencial em todas as minhas aprovações, acho a plataforma muito organizada e o layout excelente, além dos comentários dos professores e alunos serem certeiros.
A prova da PCPR foi adiada duas vezes por conta da pandemia, quando finalmente fiz a prova, fui rápida demais e cometi o erro de não revisar as questões. Troquei cinco respostas certas e terminei com 81 pontos (81/100). O corte foi 82.
Desde criança, quando jogava futebol, só desistia quando acabava o jogo.
Entrei com liminar. Fiz a segunda fase, fui muito bem — e, junto comigo, a liminar caiu. Chorei. Demorei para me recuperar. Logo depois veio o concurso para Delegado da PC/MG, mas eu já não conseguia estudar direito. Faltaram 4 pontos.
Passei semanas tendo pesadelos com as questões que errei na PCPR. Lembro delas até hoje. Pendurei no quarto: “Aqueles que semeiam com lágrimas, com cantos de alegria colherão” (Salmos 126:5-6).
Continuei tentando: fiz provas para delegado em Goiás, Alagoas, Bahia, Santa Catarina e São Paulo. Sempre batia na trave. Bati tanto na trave que, se fosse futebol, o juiz já teria parado o jogo e me dado o gol. No concurso — e no amor — o quase é cruel. Você não sabe se insiste segurando a corda que te corta, porque está chegando, ou se solta, porque nunca vai chegar. Cheguei.
Prestei para Escrivã da Polícia Civil de São Paulo (PC-SP/2022), sem pretensão nenhuma. Fui chamada como remanescente (394º AC) e assumi o cargo em 05/2024, fui muito feliz lá.
Em 02/2024 fiz o TAF para o cargo de Técnico Judiciário – especialidade Agente de Polícia Judicial para o TRF3, pouco antes tive canelite e, no dia do TAF, estava muito gripada, dava dois passos e tossia, achei que não ia passar. Passei. Sobrei. Liguei para o meu pai e falei que passei, ele todo orgulhoso disse: mas é claro que passou, só você não sabia. Fui aprovada em 11º lugar, sendo a primeira e única mulher a ser chamada na Justiça Federal de 1º Grau de São Paulo.
Exonerei da Polícia Civil de São Paulo e assumi o cargo de agente de polícia judicial em 12/2024.
Aprendi a confiar no destino desde o Mackenzie, sabia que a prova feita para mim viria.
Já na Justiça Federal ganhei o primeiro lugar no curso interno de tiro para Segurança de Autoridades, entre 67 agentes homens.
Atualmente estou na fase oral do concurso de Delegado de Polícia do Estado de São Paulo (DP- PCSP 2023). Gosto da frase do professor Clóvis de Barros Filho: “Para trás, nem para pegar impulso. Seu burro" (Nietzsche adaptado). Escolhe, vai e confia. Vai dar certo.