De 1979 a 2003, o país foi governado com mão de ferro pelo ditador Saddam Hussein. No seu governo ocorreu a Guerra Irã-Iraque (1980-1988), que devastou os dois países e terminou sem vencedor. Também ocorreu a Guerra do Golfo, causada pela invasão e anexação do Kuwait pelo Iraque no final do ano de 1990. No início de 1991, forças coligadas de cerca de 30 nações, lideradas pelos EUA, bombardeiam o Iraque, põe fim à ocupação do Kuwait e derrotam Saddam Hussein.
Em 2002, o governo de George W. Bush, nos EUA, acusa Saddam Hussein de acumular armas de destruição em massa e de possuir ligações com a rede terrorista Al Qaeda. Em 2003, sem o respaldo do Conselho de Segurança da ONU, EUA e Reino Unido invadem o Iraque. Em poucas semanas, destituem do poder Saddam Hussein. O ex-ditador é capturado em dezembro do mesmo ano e cinco anos depois, dezembro de 2008, condenado à morte por crimes contra a humanidade. Saddam Hussein é enforcado. Os EUA e o Reino Unido reconhecem, em 2004, que Saddam não tinha armas de destruição em massa.
Após a invasão militar, a nação mergulha numa espiral de violência sectária. Os EUA estendem a ocupação militar para evitar a guerra civil, embora a presença de suas tropas também seja foco de grande tensão. A longa ocupação militar termina em 2011, com a saída dos últimos soldados norte-americanos.
Saddam Hussein era sunita. Os xiitas, apesar de serem o grupo mais numeroso (60% dos habitantes), nunca haviam exercido o poder no país, até a queda do ex-ditador. Desde a invasão dos EUA, a influência dos sunitas no governo do país vem diminuindo.
O primeiro-ministro é o xiita Nuri al-Maliki, no poder desde 2005. Nas eleições de junho de 2014, a sua coalizão saiu-se novamente vencedora. Os sunitas consideram-se marginalizados pelo governo de Maliki e reagem, muitas vezes, de forma violenta. Os atentados terroristas são freqüentes, praticamente diários, boa parte deles atribuídos a grupos armados sunitas.
Os curdos não se envolvem no conflito entre os árabes xiitas e sunitas. Historicamente, lutam por um Estado independente, mas após a queda de Saddam aceitaram a instalação de uma administração regional com alto grau de autonomia nas províncias que controlam no norte do Iraque.
Desde o final de 2013, e mais intensamente a partir de junho de 2014, o ISIS vem conquistando cidades na região sunita do Iraque, derrotando as forças armadas oficiais. O grupo conta com o apoio da minoria sunita. O avanço do ISIS reaviva os temores de uma guerra civil no Iraque e da divisão país em três: sunitas, xiitas e curdos.
- Professor....explique melhor a questão dos curdos? Ok. Vamos lá.
O Curdistão é uma região com cerca de 500.000 km² distribuídos em sua maior parte na Turquia e o restante no Iraque, Irã, Síria, Armênia e Azerbeijão. Atualmente os curdos são a mais numerosa etnia sem Estado no mundo. São 26 milhões de pessoas, na sua maioria muçulmanos sunitas, que se organizam em clãs e, em algumas regiões, falam o idioma curdo. O projeto de um Estado curdo ganha força em meados do século XX, sobretudo na Turquia e no Iraque, países onde o movimento é violentamente reprimido.
Fonte: Dictionnaire de Geopolitique
A imprensa tem traduzido a sigla ISIS, como sendo o Estado Islâmico do Iraque e da Síria. Está errado, a tradução correta do árabe é Estado Islâmico do Iraque e do Levante. O faz toda a diferença. O objetivo do ISIS é implantar um califado islâmico no Iraque e no Levante. Historicamente, o Levante é a região abrangida pela Síria, Jordânia, Israel, Palestina e Líbano. O ISIS surgiu como braço da rede terrorista Al-Qaeda no Iraque. Por serem muito extremistas e divergirem da orientação da Al-Qaeda, foram desligados da rede em abril de 2013. O grupo atua na Síria, onde luta contra o governo de Bashar al-Assad e no Iraque, onde quer derrubar o governo de maioria xiita de Maliki.