Blog Estudo por questões: veja dicas de como utilizar esse método

Estudo por questões: veja dicas de como utilizar esse método

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O uso de questões é uma das ferramentas mais importantes na preparação para concursos e exames. E, não à toa, é uma das mais elogiadas pelos aprovados. É muito comum que os primeiros colocados estejam entre aqueles que resolveram uma quantidade massiva de questões de provas anteriores. 

Mas exatamente como se pode fazer uso das questões? Como elas se encaixam na rotina de estudos?

O artigo será dividido em duas partes: na primeira, darei dicas práticas de como usar as questões; na segunda, para quem desejar, uma breve explicação sobre o aprendizado do ser humano. 

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Sobre o estudo de questões: fase inicial dos estudos

Quando você está iniciando o estudo de uma disciplina inteiramente nova, ou seja, com a qual não tem qualquer familiaridade, não adianta iniciar resolvendo as questões. É preciso, primeiro, estudar a teoria com um bom professor. 

Finda determinada aula, ou determinado capítulo, só então você resolverá algumas questões correspondentes ao tema. Serão poucas questões, de preferência questões fáceis, ou medianas, evitando questões muito difíceis. O objetivo aqui é verificar se você realmente entendeu o cerne da aula. Em caso de dúvidas, volte à aula para rever determinado trecho, ou veja o comentário do professor, disponível aqui na nossa plataforma. 

Não tenha pressa de passar à questão seguinte. Também não dê tanta ênfase ao percentual de acerto, pois o objetivo agora é garantir que você entendeu os principais aspectos da aula ou do capítulo. É preferível errar todas as questões, identificar o motivo do erro, e corrigir-se, é preferível isso do que acertar as questões “no chute”, não identificar os pontos de dúvida, e seguir adiante. 

Note que, nesta fase inicial, a teoria tem preponderância sobre as questões. 

Sobre o estudo de questões: fase intermediária dos estudos

Aqui estamos diante de um candidato que já passou pela disciplina inteira, já tem uma boa visão geral de seus temas, e agora precisa tanto revisar quanto se aprofundar. 

A estratégia agora muda completamente. A ideia é ir percorrendo o conteúdo novamente, várias e várias vezes, mas agora por meio de questões de provas anteriores. Sempre que se deparar com uma questão que não sabe resolver, deve-se voltar ao material teórico, rever o tema, estudar, e tentar resolver novamente. Ou pode-se, também, conferir o comentário do professor, disponível aqui no Tec Concursos.

Para tanto, é útil filtrar as questões por assunto, de modo a resolver um bloco de questões de mesmo assunto no mesmo dia, para que este processo de revisão fique mais ágil e deixe marcas mais profundas na sua mente

Os objetivos agora são:

  • identificar lacunas de conhecimento, suprindo aspectos em que você tem dificuldade;
  • manter a matéria sempre fresca na memória, com revisões constantes, por meio de exercícios, o que é muito mais dinâmico do que ficar simplesmente revendo aulas, relendo resumos etc
  • ganhar familiaridade com o estilo de cobrança das bancas de prova

Nesta segunda etapa, as questões assumem a dianteira, e passam a ser o carro chefe de seus estudos. É nesta etapa que consumiremos a maior parte do tempo de nossa preparação.

É também nessa etapa que ganharemos confiança e critério para, se for preciso, adquirir um segundo material teórico para uma mesma disciplina, quando constatamos que o inicialmente utilizado já não consegue sanar boa parte das dificuldades. 

Sobre o estudo de questões: fase final de estudos (pós edital)

Novamente, faremos baterias e mais baterias de questões, mas com algumas diferenças em relação à etapa anterior:

  • agora, sugere-se não mais fazer ordenadamente por assunto, mas sim misturar os vários temas
  • caso se tenha dificuldade em determinada questão, não veja o comentário do professor, e nem volte à teoria. Tente resolver, até mesmo chutar; deixe para conferir as respostas após o término da bateria de questões e só então volte à teoria para sanar as dificuldades.
  • comece a monitorar percentual de acerto e erros

Como já deu para perceber, o objetivo agora é ganhar ritmo de prova, quase que simular uma prova em casa. Neste processo, ganha ponto o traquejo, a prática do “chute”. Não um “chute” às cegas, não é isso, pois isso não exige treino, mas um “chute” orientado. Diante de uma questão que não se sabe responder com convicção, deve-se buscar elementos que permitam marcar a alternativa mais provável, ou, pelo menos, eliminar as alternativas menos prováveis. O retorno à teoria será cada vez menor, mais espaçado, mais pontual. 

Pronto, com esse roteirinho simples, que, evidentemente, pode ser adaptado a situações concretas, damos um excelente norte de como empregar as questões no seu dia a dia. 

Agora passemos a algumas explicações sobre o aprendizado do ser humano. Também bem rápido e direto, sem muita firula. 

Sobre o aprendizado do ser humano.

O ser humano conhece as coisas por abstração das espécies inteligíveis, a partir das espécies sensíveis. Os nomes parecem muito complicados, mas um exemplo ajudará a entender. Como a ideia aqui é dar o “pulo do gato”, achei que seria uma boa ideia partir justamente do gato.

A partir dos vários gatos que vemos na nossa frente, alguns brancos, outros pretos, outros rajados, alguns adultos, outros filhotes, machos e fêmeas, e assim por diante, a partir destes gatos concretos, que se dão a conhecer aos nossos sentidos – visão, audição, olfato, tato, paladar (espero que você nunca tenha lambido um gato!)– vamos abstrair um conceito de gato. Podemos até não chegar a um conceito muito elaborado, como “mamífero que mia”. Podemos até nem traduzi-lo em uma definição, contentando-nos simplesmente com a palavra “gato”. Mas saberemos, e isso desde a mais tenra idade, que há uma essência gatuna que se materializa em todo e qualquer gato, de modo que, quando um menininho de 2 aninhos vê pela primeira vez o novo gatinho do vizinho, não tem dúvidas, aponta seu dedinho decididamente, e diz: “olha o miau!”. Ele notou que aquele ente em particular é um indivíduo da espécie gatuna, espécie esta que ele tem em sua mente. Mas a espécie conhecida, enquanto está em nosso intelecto, é algo universal, pois se aplica a todo e qualquer gato. E o gato concreto que está na sua frente é só aquele gato, uma “encarnação” da ideia universal de gato. O menininho passa tranquilamente do concreto ao abstrato.  

Então funcionamos assim: pensando sempre em abstrato, mas a partir de coisas concretas.
Porém...

Porém há também o outro lado da moeda. 

Nosso intelecto tem extrema dificuldade de pensar sem o uso de certas muletas, que chamamos de “palavras”. Usamos palavras não apenas para comunicação com os demais, mas para conseguir manter uma linha de raciocínio. Parece-nos que, enquanto não verbalizamos uma ideia, ela se torna mais fugidia, nos escapa. 

E assim que a ordem de aprendizado segue o caminho contrário ao acima descrito. Antes que o garotinho de 2 anos pudesse sair por aí identificando a essência gatuna em todo e qualquer gato que visse pela frente, foi-lhe necessário que o papai ou a mamãe, várias vezes, apontasse o dedo para vários outros gatinhos e dissesse: “miau”. A palavra, que para ele indica o conceito, veio ao mesmo tempo, ou até antes, que a coisa viva, peluda e fofinha chamada “gato”.

Ou seja, nossa vida é feita dessas idas e vindas: das palavras, que expressam conceitos, às coisas, e das coisas aos conceitos, por sua vez expressos em palavras. 

Como todo o processo depende bastante das palavras, é claro que, quanto maior a cultura de uma pessoa, quanto melhor ela souber usar seu idioma, e quanto melhor for o próprio idioma em si, mais facilidade ela terá em raciocinar. Um idioma cultivado, avançado, é uma herança, um grande tesouro que deixamos aos descendentes. Um idioma que expresse suficientemente, com riqueza de detalhes, toda a realidade que nos cerca, ajuda em muito a raciocinar. 

E, para aprender um idioma, é preciso certo tempo, até gravarmos pouco a pouco as palavras e seus significados precisos. Vão anos e anos de alfabetização para a criança aprender a ler e falar bem. 

Com o estudo para concursos, ou para exames, ocorre algo similar. Há todo um vocabulário que se precisa aprender, e por isso não adianta achar que vai ler a aula uma vez e vai entender tudo. Não vai! O sentido das palavras vai ficando mais claro só depois de muito tempo. 

A teoria faz as vezes do discurso já abstrato, as questões nos ajudam a identificar os casos concretos em que aquela teoria se aplica, e ficamos indo e voltando, do concreto ao abstrato, repetidamente. O ideal é que, em determinado momento, a abstração já esteja automática, sem precisarmos do papai e da mamãe, quer dizer, do material teórico, para nos relembrar do “miau”. 

Claro que se trata só de uma analogia, pois muito do que cai em concurso não é propriamente algo abstraído da realidade que nos cerca; pelo contrário, muito do que é cobrado em concurso, como nas disciplinas do direito, muito daquilo chega a contradizer tal realidade, sendo fruto de inúmeros jogos de poder, negociatas, influências ideológicas e manipulações de massa. Muito daquilo é fruto não da aceitação humilde da realidade, mas sim de uma intenção deliberada de alterar toda a realidade natural das coisas, o que gera consequências graves em todos nós. Apesar destes problemas, ainda assim, a analogia é útil, e permite ver a razoabilidade do esquema acima proposto. 
 

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Vítor Menezes
Sócio fundador do Tec Concursos. Engenheiro Eletrônico pelo ITA. Foi Auditor Fiscal da SEFAZ/MG, e também Auditor Federal de Controle Externo do TCU. Atualmente dedica-se exclusivamente ao Tec Concursos.

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